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Colombiano Jorge Duque é destaque na Semana de Moda de Bogotá

Jul 06, 2023Jul 06, 2023

Toca "Fly Me To The Moon" de Sinatra enquanto espero que Jorge Duque prepare duas chávenas de café, que faz questão de referir que são feitas com grãos moídos de Cumbal, Nariño. Seu ateliê, localizado em uma pitoresca e despretensiosa casa preta fosca em Chapinero, é feito sob medida pelo próprio Jorge para refletir com precisão a identidade de sua marca homônima, desde cadeiras feitas de couro cortado à mão até um teto dourado feito de garrafas plásticas.

"Nossa essência é o manuseio de materiais", diz ele, "então é importante refletir isso. É como ir a uma flagship store, é a apresentação da marca. Se uma cliente sentar aqui, quero que ela saia pensando pensa, isso é possível comigo." Missão cumprida. Feito o café, o estilista antioquenho senta para bater um papo.

Começamos discutindo a preparação de sua equipe para o próximo desfile deste ano na Bogotá Fashion Week (BFW). "Você não pode imaginar", ele suspira, "esta é a hora do rush. Essas três semanas são uma loucura. Você tem um projeto e sente que falta tudo. Nada é palpável, tudo está no meio de um processo. É um chicharrón (torne de porco ou termo coloquial coloquial para 'problema'). Estou funcionando no piloto automático".

Embora Duque Vélez seja um dos nomes mais renomados da moda colombiana, isso talvez não seja surpreendente, considerando tudo. Há muita coisa por trás de uma peça de roupa, desde o manequim até as proporções, passando pelos acessórios. "Aí começa um vestido. Primeiro tenho que entender o corpo em sua tridimensionalidade." Em seguida, vêm os materiais, que são indiscutivelmente a parte mais difícil do processo para qualquer fabricante de roupas colombiano respeitável. Jorge tem de perceber como caem os tecidos, como se transformam quando colocados em cima de um manequim e como podem ser alterados – mas também como os vai obter. Quase nenhum tecido (ou materiais em geral) é colombiano.

"No nosso país não há fiações, as fábricas que fazem os fios com os quais um tecido é costurado e tecido. A fiação entrou em colapso e a tecelagem seguiu o exemplo. As gamas têxteis são muito limitadas. Não há absolutamente nada que eu possa uso. Não há seda, não há lã... 100 por cento do material tem que ser importado."

Uma vez resolvida a gigantesca tarefa de fornecer e transportar metros de tecido, todo o resto se resume a "trabalho em equipe". Jorge e uma equipe formada principalmente por jovens estudantes das melhores escolas de design de moda de Bogotá estão trabalhando duro. Eles fazem padrões, moldes, escalas de dimensionamento e amostras de tecido. “Definimos a silhueta, o tipo de guarda-roupa que vamos conseguir e avançamos para um produto final”, diz. "Depois, há os custos... mas não faço ideia disso", ri-se. Terminada a vestimenta, começa o chicharrón da campanha. "Eu uso um estilista porque, como diretor criativo, não sou capaz de entrar nisso. É muita informação de uma só vez."

Duque tem uma parceria de longa data com Angélica Diazgranados, um dos maiores nomes do guarda-roupa do país. Se não for com ela, Jorge procura uma equipe em Los Angeles, mas nunca é ele quem toma as decisões finais de imagem. “Eu me envolvo em tudo, mas coloco tudo a prova. Nunca vou a um casting sem estilista, porque o que me parece bom, para eles não é. Nem sempre os estilistas têm razão”, destaca. Jorge não põe os pés em um ensaio de campanha porque prefere ser surpreendido.

Quando questionado sobre o que os espectadores e entusiastas da moda podem esperar desta última passarela da BFW, ele menciona mais do que uma boa quantidade de surpresas. Tudo o que caracteriza a marca – glam, glitz, peças esculpidas – vai estar lá, mas tem mais. A história por trás do programa chegou a Jorge há três meses e meio: "É uma narrativa introspectiva do que minha gravadora faz", diz. "Vou colocar um véu de surrealismo sobre o guarda-roupa, colorido em tons profundos de preto, roxo e chocolate."

Procurando um confronto entre a América do Sul pré-hispânica e colonial – sem se afastar de seu habitual ponto de vista glamourizado – Duque Vélez espera explorar como esse passado violento atua no código de vestimenta da mulher moderna. "Quero formas geométricas, algo a ver com armadura indígena. Depois, algo um pouco mais feminino, mais europeizado do ponto de vista da silhueta."